Ela é mais Torres do que Rueda e pouca gente sabe disso. É que agora está a surgir uma nova dona Onça, como Janaína é conhecida. Já faz algum tempo que o casal Rueda, donos da Casa do Porco, segue separado, mas apenas na vida privada, nos negócios continuam juntos. Talvez, por isso, o fato não era público até uma entrevista da chef ser publicada. Mudança contada aos poucos.

Assinou primeiro ao lado do ex-marido, também ficou ainda mais presente no restaurante, sem Jefferson Rueda aparecer muito, eram pistas, apesar de Janaína já se dividir na cozinha e administração desde 2018, o que inclui ainda o Bar da Dona Onça, no Edifício Copam. A Casa do Porco foi aberta pelos dois em 2015.

Recentemente, visitei o restaurante, nenhum dos dois estavam. Janaína viajava, o que é bem frequente agora, é comum vê-la em restaurantes pelo mundo. Jeffinho deveria estar pelo sítio em São José do Rio Pardo, desconfio.

O último menu que provei é mais delicado ainda do que o anterior, que já dava sinais de mudanças por ali, tinha uma marca feminina, mas senti falta de ver os cozinheiros na cozinha.

,Permanecem na degustação os embutidos e o porco a San Zé, que não devem sair nunca, são atrações da casa. No meio do menu entram as novidades. O próximo, com lançamento previsto para dezembro, volta a ser assinado pelos dois. O cardápio é definido pela colheita da produção do sítio do casal e refletem as estações, são quatro por ano. O que está em cartaz surpreende em alguns passos e mantém a tradição das origens, é apresentado com capricho enunciado com verbos, “recriar, replantar, reconstruir e adoçar”.

“Recriar” traz os embutidos curados e cozidos, são conhecidos e agradam. “Replantar” mescla entre clássicos, que não podem faltar. “Recolher” é novo. Ponto alto quando entra o dalplin de porco, metade ricota, metade couve com purê de feijão. Uma delicadeza que explode muito sabor na mordida, dá vontade de repetir. No entanto, o caldo precisa vir quentinho pra não fazer a massa perder o encanto.

“Reconstruir” é a volta da tradição com o “porco San Zé”, um sucesso. É a mistura que alimenta e ainda provoca filas na entrada da casa, depois da pandemia pode-se reservar, assim conseguiram diminuir a aglomeração em frente ao restaurante, como recomendado depois da pandemia.

“Adoçar” vem com queijos e doces da fazenda, sempre acho que ficaria mais feliz se os pedaços fossem maiores e cortados na hora.

A noite fica completa com a poesia da Cora Coralina, a arte da Mimura Rodriguez, estão no cardápio que levamos de recordação. É mais um capricho, coisa de alguém com sensibilidade no comando. Segui a harmonização do jantar com vinhos, mas quem preferir coquetéis terá outra experiência. E se puder, não deixe de ter uma taça do vinho Sauternes Chateau D’Iquem por companhia, vale, afinal, quando você abre uma garrafa dessas?

O próximo cardápio criado pelos dois chefs terá como tema a América Latina, com as viagens servindo de inspiração, deve influenciar também a troca de experiências com chefs de vários países que já cozinharam com eles.

Serviço

A Casa do Porco Bar – sétima colocação no ranking do 50 Best Restaurants.
Rua Araújo, 124

Centro – São Paulo
Menu degustação R$230,00
Harmonização de vinho
R$ 230,00
Harmonização de coquetéis
R$ 140,00
@acasadoporcobar @janianarueda1