Uma caipirinha, uma musiquinha, um franguinho, uma pinguinha – pronto, tá feita a festa que pode incluir ainda uma caldeirada. E o diminutivo é só pra rimar e porque lembrei do poetinha Vinicius de Moraes, que gostava de uma comida boa e ambiente como o Lobozó, em São Paulo. A casa tem cardápio enxuto, além dos já citados, entram porco e os cuscuzes como destaque, arroz de Braga no domingo, arroz de galinhada com pequi às quartas. Todo dia um prato diferente, dá uma olhada lá no site do restaurante.
Vou resumir a história. Dois chefs, Gustavo Rodrigues e Marcelo Correa Bastos, o londrinense que também toca o Jiquitaia e o Vista, e um sociólogo, o Carlos Dória, todos craques em suas áreas, resolveram “reinscrever a tradição da culinária caipira na vida moderna”. Se deu certo? Muito.
Eles dizem que é um “laboratório” que pretende o resgate da tradição caipira perdida por aí, do tempo que ficávamos de costas para o Brasil. E se somos caipiras do futuro, como eles dizem, vamos lá.
Do laboratório saiu o livro A Culinária Caipira da Paulistânia, que deu origem ao conceito do Lobozó, um mexido, prato tradicional da zona rural. Das 300 receitas do livro, pinçaram para o restaurante algumas poucas. Também trataram de montar um pequeno armazém, com preciosidades, como o café de São Tomé das Letras e a farinha de milho da família Bragato de Lindóia.
De um lado da mesa vinha o sotaque inglês. Do outro francês. Então, pensei, todo mundo vai ao Lobozó saber como é a cozinha da chamada Paulistânia, que inclui o Paraná, veja mapa, e você ainda não conhece?
Outra belezura da casa são sucos de frutas silvestres da Mata Atlântica, no lugar de refrigerantes, além da pinga, as caipirinhas valem a ida.
Fiquei com vontade de provar algumas sugestões do “balcão de frios”, que tem até queijo de Witmarsun, a colônia do interior do Paraná, ao lado .
O Dória responde também pela Escola do Gosto que vale a pena conhecer e se enfronhar na história da culinária brasileira que desconhecemos. Oportunidade de aprender com ele. A Helena, que só conhecia das aulas on-line, estava lá, e contou sobre os novos cursos da Escola que você fica sabendo no Instagram @escola.dogosto.
Merece uma visita com mais calma e no jantar. Fui no almoço de domingo e neste dia as reservas são apenas até o meio-dia, o que, para mim, não ajudou a abrir o apetite, era muito cedo. Assim, tenho desculpa pra voltar. Aliás, quero voltar ali naquele pedaço da Vila Madalena porque estiquei o olho gordo para o Pasta Shihoma do outro lado da rua. Dá uma olhada no Instagram deles @pastashihoma que vai me entender.