Organizar evento não é para amadores, tenho a impressão de que entrei num redemoinho, fiquei sem forças, não pelo volume de trabalho, mas pelo stress. Quem participa não imagina o que corre nos bastidores, mas isso é conversa para outra mesa. Depois vieram algumas viagens, que conto em outro post, agora, quero mesmo é falar sobre o Mesa ao Vivo Paraná, que o governo do Estado, por meio do projeto Gastronomia Paraná apresentou, com o patrocínio da Compagas e da Fomento Paraná. Apesar de alguns contratempos, podemos comemorar, o evento foi um sucesso e a parceria com uma escola de gastronomia, o Centro Europeu, foi fundamental, assim como a vinda do Alex Atala, parceiro da revista Prazeres da Mesa, que organiza o Mesa já em alguns estados, o Paraná agora entre eles. É incrível como o chef paulista é assediado, reconhecido e idolatrado no meio.
Aos poucos, liderados por Manu Buffara (foto), nossos chefs começam a ser mais reconhecidos, assim como alguns novos ingredientes começam a ser explorados e valorizados, aos poucos também vamos amadurecendo e ganhando espaço. É claro que não posso deixar de citar outros nomes de paranaenses conhecidos nacionalmente, Celso Freire e Júnior Durski, entre eles, além de Alberto Landgraf, que talvez poucos saibam é de Maringá e faz muito sucesso em São Paulo com o seu Epice. Mas, enfim, temos um longo caminho a percorrer, que começamos a desenhar há pouco tempo.
E como foi o Mesa ao Vivo Paraná? Dois dias muito movimentados, com aulas e degustações. Além do Atala, passaram pelas salas da sede gourmet do Centro Europeu Thomas Troisgros, Janaína Rueda, Rodrigo Martins, André Mifano e Davi Hertz, finalmente, tive o prazer de conhecer o curitibano responsável pelo Gastromotiva, teremos boas novidades logo, é o que eu desejo. Daqui passaram pela cozinha master os chefs: Manu Buffara, Celso Freire, Ivan Lopes e Laysa Durski; Kika Marder, Marcos Livi, Marcos Fábio, Júnior Durski, Sérgio Zitelli, Gabriela Carvalho, Joy Perini, Sérgio Zitelli, Gabriela Carvalho deram aula na “cozinha 1” e professores do Centro Europeu na “cozinha mão na massa”, e ainda os espaços de provas com degustações de cervejas e vinhos, com Daniel Wolff, Ricardo Castilho e Sonia Petri. O evento é conhecido como um “reality show” do jornalismo gastronômico porque produz ao vivo uma edição da revista Prazeres da Mesa. O tema escolhido foi “Tesouros locais: a descoberta de produtos gourmet para uma nova cozinha paranaense”. Participei de poucas aulas, em uma delas fui surpreendida pelo talento da chef Kika Marder, que conseguiu usar o pinhão de uma maneira diferente, o que é muito difícil.
Com criatividade, a chef conseguiu extrair o sabor do pinhão para um prato
Além das aulas, o Melhor das Cidades, que acontecia das 18h às 21h, reuniu chefs paranaenses que puderam apresentar alguns pratos para degustação dos participantes. Restaurantes, bares, bufês de Curitiba e de outros municípios do Estado mostraram um pouco do que fazem, impossível não destacar o prato do Flávio Frenkel, simplesmente único. Sou fã do chef, com ele aprendi muito do que sei na cozinha. Também estava lá o casal da Chokolat, a novidade da cidade, que merece um post especial. À noite, dois jantares, no Mukeka, e no 4Sí Brasserie, foram concorridos. O anfitrião da primeira noite, Ivan Lopes, mostrou sua força, já Manu Buffara, responsável por oferecer seu restaurante para o segundo jantar, deixou os homens brilharem com os pratos principais da noite, destaque para Thomas Troisgros, que tive a feliz oportunidade em conhecer seu trabalho no Olympe recentemente, assunto para outro post também, e o apoteótico André Mifano.
Tudo muito bom, tudo muito bem, acho que finalmente estamos saindo da bolha. E antes de encerrar o longo post, falo que senti falta da presença do chef Marcelo Amaral, que injustamente não foi chamado pela organização, apesar da nossa indicação, quero acreditar que a pressa – tudo aconteceu em pouco tempo – foi a responsável pela falha, é um talento que precisa ser lembrado, assim como outros que ficaram de fora. Agora, abro o parêntese que queria, a realização de um evento assim dentro de uma escola de gastronomia, repito, foi fundamental, porque no ano passado, o Gastronomia Paraná, em parceria com a Gazeta do Povo, promoveu o Ciclo de Aulas e Palestras “Tradição e Modernidade na Gastronomia” que aconteceu no Mundo Gastronômico, a feira da Universidade Positivo realizada no Barigüi. Ao lado da jornalista curitibana radicada em Londres Luciana Bianchi, assinei a curadoria do evento trazendo os principais expoentes da gastronomia nacional, como o Felipe Bronze, o “mago do Fantástico”, do restaurante Oro, Rafa Costa e Silva, do restaurante Lasai, ambos no Rio de Janeiro, o Alberto Landgraf, do restaurante Epice, de quem falei no começo do texto, e Mara Salles, do restaurante Tordesilhas, ambos de São Paulo, apenas citando alguns, além de pesquisadores, como a colunista do jornal o Estado de São Paulo Neide Rigo e o jornalista da Folha de São Paulo Josimar Melo, principal crítico de gastronomia do país e a própria Luciana Bianchi, e apesar de oferecer muito mais conteúdo, inclusive com um panorama da gastronomia internacional e de gestão de restaurantes, teve pouca participação de alunos e cozinheiros, dando a impressão de não haver interesse pelo assunto. Enfim, tudo é aprendizado. Que venham outros. Mesa ao Vivo: seja muito bem-vindo ao Paraná.
Crédito das fotos: Amarildo Henning