Quando muitos olhos miram Portugal, não apenas os brasileiros estão se mudando para lá, a Europa toda coloca olho grande nas terras lusitanas, dois jornalistas organizam um simpósio para discutir os caminhos da gastronomia.
![Vista de Lisboa: linda por muitos ângulos](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/vista-lisboa.jpeg)
Vista de Lisboa: linda por muitos ângulos
Depois de criar um manifesto da cozinha portuguesa, com os chefs locais, no ano passado, em 2018, o tema do Sangue na Guelra foi o “cookativismo”, o ativismo na gastronomia, nada mais oportuno.
Ana Músico, organizadora, juntamente com Paulo Barata, do evento, que incluiu também jantares com chefs nacionais e internacionais, dão um exemplo que deveria ser replicado aqui. Precisamos definir nossas prioridades. Com uma ação política efetiva, ressalto.
Questão vital: alimentação saudável
Francisco Sarmento, diretor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em Portugal e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, fez uma reflexão sobre o que comemos hoje e falou da necessidade de usarmos sistemas alimentares mais sustentáveis sem desperdícios.
![Francisco Sarmento](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/franciscosarmento.jpg)
Francisco Sarmento
Alfredo Sendim é o proprietário da Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, que foi transformada a partir de 1997 em agricultura biológica. A floresta original foi recuperada e tudo que é produzido na quinta familiar é compartilhado com a comunidade. Para ele temos que ir além de resolver os problemas atuais, precisamos entender a nossa relação com a natureza e mudar a forma como a usamos.
![Alfredo Sendim](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/alfredosendim.jpg)
Alfredo Sendim, o proprietário de uma fazendo modelo
Muitas possibilidades
Dois exemplos práticos: o casal Bo Songvisava e Dylan Jones, do restaurante Bo.Lan, de Banguecoque, como dizem os portugueses, e Douglas McMaster, do restaurante Silo, em Brighton, na Inglaterra.
![Bo Songvisava do Restaurante Bo. Lan mostra o que podemos fazer para reduzir o lixo](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/bo-lan.jpg)
Bo Songvisava do Restaurante Bo. Lan mostra o que podemos fazer para reduzir o lixo
“A poluição afetará meu futuro”, provocou McMaster, falando da revolução que fez em seu restaurante que ostenta a filosofia radical de “desperdício zero” e prova ser viável. “Cada um individualmente precisa fazer alguma coisa”, resumiu. Ele mostrou os pratos que usa feito de sacos plásticos, bancadas de armários velhos, uso de embalagens biodegradáveis e por aí foi mostrando o trabalho que inspira.
![Douglas MacMaster, do Restaurante Silo, onde nada é desperdiçado](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/douglasmacmaster.jpeg)
Douglas MacMaster, do Restaurante Silo, onde nada é desperdiçado
A jornalista da Folha de São Paulo e da revista GQ Alexandra Forbes falou sobre a ONG Gastromotiva, do chef David Hertz, e o Refettorio, projeto do chef Mássimo Botura. Ela e os dois chefs criaram o restaurante-escola durante os Jogos Olímpicos Rio 2016. O lugar continua funcionando e oferece refeições gratuitas à população carente usando ingredientes que seriam descartados. Falou com a voz embargada lembrando das dificuldades na implantação do projeto e das histórias de moradores de rua. Em Curitiba, a Gastromotiva funciona na Universidade Positivo e está formando a quinta turma de aprendizes.
![Alê Forbes](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/aleforbes.jpeg)
Alê Forbes
Rita Sá falou sobre a relação das alterações climáticas e das ameaças para a vida marinha. Leio que o lixo no mar já ocupa uma área do tamanho da França. Realmente, uma preocupação séria.
Maturidade
O mentor do Instituto ATÁ, o chef brasileiro Alex Atala encerrou o simpósio, quase resumindo todos os temas das palestras. Ele falou dos objetivos do seu instituto, entre eles a promoção de uma cozinha mais sustentável e a valorização de ingredientes selvagens, estreitando a relação entre cozinheiros e produtores. O chef lembrou que temos mais coisas em comum do que a comida e a língua, entre o Brasil e Portugal, como a falta de orgulho.
![Alex Atala vestiu sua doma no palco para falar do orgulho de ser cozinheiro](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/alexatala-1.jpeg)
Alex Atala vestiu sua doma no palco para falar do orgulho de ser cozinheiro
Atala também comentou como foi o seminário organizado por ele, o Fru.to, realizado em São Paulo, recentemente. O evento tratou mais de comida e menos de cozinha, assim como o simpósio em Lisboa.
O “garoto contestador, que não tinha medo” está chegando aos 50 anos , no palco lembrou do seu encontro com a cozinha e comentou sobre a sua trajetória. “Encontrei a maior missão do homem que é o prazer de fazer sorrir”. Acho que é por isso que gosto de cozinhar e comer, deduzo.
![Alex Atala e eu no jantar para palestrantes e jornalistas no famoso restaurante de frutos do mar Ramiro antes do Symposium Sangue na Guelra 2018](https://jussaravoss.com.br/wp-content/uploads/2018/05/jueatala.jpg)
Alex Atala e eu no jantar para palestrantes e jornalistas no famoso restaurante de frutos do mar Ramiro antes do Symposium Sangue na Guelra 2018