Recebi a notícia de que Buenos Aires está vivendo o dezembro mais quente em 43 anos – sei, estava lá – com temperaturas batendo os 39 graus, falta de luz, protestos nas ruas, resgates de velhinhos de um prédio, enfim, o caos. Soube disso – não vi nada – já respirando os ares frescos dos campos gerais. Também, via facebook, dei de cara com a tirinha da Mafalda – a personagem famosa do Quino – por Luca Rischbieter, pedindo um ano mais compacto, seria bom, mas tenho tantos planos para 2014, talvez por isso mesmo. Melhor do que planejar é quando tudo acaba e dá certo, é claro. Mais uma vez, me surpreendi com quem se desloca sem planejamento, não visita museus, não sabe o que está acontecendo na cidade, não tem restaurantes reservados e nem se importa com tudo isso. Será que sou uma exceção? Desta vez, pelo motivo já exposto não conheci muitos lugares e mesmo com o calor, ando cada vez mais sensível às altas temperaturas, posso dizer que foi uma curta e agradável estadia.

Sucre_bar

O restaurante Sucre é lindo (veja as fotos no site) e sempre é um endereço certo, comida boa e bons drinques – o local tem bartender. Comi um arroz caldoso com lagostins muito bem executado. Destaque para as sobremesas  – a torta com queijo de búfala, figo e castanhas estava perfeita – e para o pequeno menu de inspiração limenha de entrada. Tudo como deve ser. Sem fotos, a não ser do bar, porque a luz de lá é ótima, adoro uma penumbra, mas não para fotógrafos. Em pleno domingo à noite, o lugar estava lotado.

Sucre_sobremesa

Saí de Buenos Aires antes de o calor aumentar e da tormenta de protestos, ainda bem, e sem conhecer os bairros Norte, Cañitas, Retiro, Acassuso, Villa Crespo e Colegiales, e o Parque de La Memoria, paciência. Tão pouco fui dançar no Terrazas Del Este, nem andei de bicicleta, o que é mais do que recomendado. Não imaginei que a Fundação Proa, atualmente, com a exposição do escultor australiano Ron Mueck, era ao lado do Caminito, acredite, é colado e vale muito mais a visita. Porém, não saí da cidade sem comer as empanadas do El San Juanino (ao lado do Fervor), a melhor é a de carne picante, nem perderia tempo com a de queijo, por exemplo.

Faena_Piscina

Também queria conhecer o menu de carnes do Baqueano, o bar de coquetéis Speakeasy, na Floreria Atlântico, o Café San Juan – fui à cantina San Juan, ambos considerados o Mocotó deles, achei que perde longe –, o Le Grill, no Puerto Madero, que acredito ganhe do Las Lillas. Ainda estavam na minha lista: a Doceria Scartlett, o brunch do Olsen, o chá das cinco do Caesar Park. Fui atrás do sorvete artesanal Jauja e acabei preferindo o Freddo, que está espalhado pela cidade, pela cremosidade. O jantar de Natal foi no Faena (bar da piscina na foto), com decor do surpreendente Philippe Starck. O hotel tem um clima teatral adorável. E a comida? Sem comentários, abaixo da crítica. Também deveriam avisar que o restaurante estava lotado e que o jantar seria servido no “frio” salão de festas.

pargo

peixe_alvear

ALvear_restaurante

Uma pequena indisposição e deixei de lado o menu degustação do restaurante La Bourgogne (foto), do chef Jean Paul Bondoux, no elegante hotel Alvear, que incluía ostras frescas, caviar e vieiras, entre outras iguarias, com bebidas, por 1.100 pesos. Guardava na memória o serviço irrepreensível do lugar e a atmosfera luxuosa, só que desta vez com direito a algumas derrapagens – esqueceram de incluir no pedido as entradas, de avisar que o pato laqueado não estava disponível e arrastaram a entrega dos pratos – ficou outra lembrança, mas se é a comida o que importa, posso afirmar que o pargo assado no sal grosso (foto) estava perfeito. O lugar é uma indicação certa. E assim foi mais uma “miniaventura” gastronômica. A última do ano. Merci pelo convite!

Café San Juan

Avenida San Juan, 450

 

Doceria Scartlett

Calle Nicaragua, 4457 – Palermo Soho