Caía água que ensopava o chão e os sapatos dos bravos que se arriscavam sair de casa para participar da primeira “queima do alho” – uma ideia e organização do chef Délio Canabrava. Pegava carona com a chuva o frio da tímida primavera curitibana e não é que mesmo assim encontrei muita gente destemida curtindo a celebração?
O evento era programado para ser sucesso em dia de sol brilhando em céu azul, pois o fogo de chão seria uma das atrações.
Mas Délio é precavido e conhece a cidade que mora, colocou tenda em todo o estacionamento do CanaBenta, um dos seus empreendimentos nas bandas da Itupava, deu certo.
Há tempos admiro o homem duplê de chef, empreendedor e ativista pronto pra se envolver em causas que vão muito além das panelas. Aliás, desde que o conheci firme nos seus propósitos e raízes. Não é que agora veio também me emocionar: “Mandei uma carta ao Darci Piana (vice-governado eleito) falando que precisávamos continuar o teu projeto”. Conto mais.
Queima do Alho
Então, a última empreitada do chef foi resgatar um movimento um pouco esquecido. Segundo ele, a “queima do alho”, que reconta a vida dos tropeiros, já acontece em outras paragens, menos aqui. “Os boiadeiros começavam a fazer as comidas, jogavam alho sobre a panela quente para fazer o almoço da peãozada, o cheiro subia, corria longe, e os peões se orientavam pelo aroma…”, explicava o folheto da festa.
Com a intenção de fazer um evento com história e sabor, Délio chamou os chefs amigos e saiu a “queima”. Não foi tão fácil assim, claro.
Quando eu soube da movimentação, lembrei de pedir uma barraca para a Gastromotiva Curitiba e tratei de ajudar na divulgação.
Foi bonito de ver o cardápio tropeiro: costela fogo de chão, carneiro assado, leitão assado, arroz carreteiro, feijão tropeiro, porco no tacho, vaca atolada, quirerinha e até um hambúrguer caseiro. Eva dos Santos, Celso Freire, Gabriela Carvalho, Rosane Radecki, Caio Canabrava e Rodger Gomes brilharam na festa.
Balanço
“Será maior e melhor”, disse o chef satisfeito com o resultado da iniciativa e pensando no bis. Délio ressalta que o mais importante é a intenção, é ser coletivo e ter mais pessoas trabalhando no resgate de uma tradição.
Era um evento para mil pessoas, foram 500, o tempo atrapalhou, com certeza. “Todo projeto começa pequeno e sem os patrocinadores seria inviável porque é muito conceitual”, afirmou ele com a preocupação em dar o crédito para quem viabilizou. “Se puder falar, agradeço”, pediu.
O trabalho do professor e reitor da UFPR já falecido, Carlos Antunes, quem implantou mestrado e doutorado na área e incentivou muita gente por todo o Brasil, continua provocando estudos. Assim foi com Délio, que se debruça pelos movimentos da gastronomia. “Vimos que existe interesse no resgate de tradições, como com o tropeirismo, fiquei muito feliz com o resultado”, confessou o chef.
Gastronomia Paraná
Délio fez referência ao projeto Gastronomia Paraná, que coordeno na Paraná Turismo. Quer conhecer? Acesse aqui. http://www.turismo.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=136
Patrocinadores
Se a festa aconteceu foi com o apoio deles, então precisamos divulgar: Adega Muf’s, Alegra, Bassi, Gold Food Service, La Violetera, Melitta. E que venha a próxima.