Quer só a receita? Role o cursor até o fim do texto. Porque eu pensei em um balanço para o primeiro post do ano. O pior é que eu já havia escrito e meu computador disse adeus. Foi triste. Nada em comparação ao que passamos. E não dá para não falar.
Que ano. Fomos ameaçados. Sentimos medo. Trabalhamos sem sair de casa e isso foi bom. Idosos em isolamento envelheceram mais rápido. Fomos ao supermercado de máscaras e evitamos esbarrar ou chegar muito perto de qualquer pessoa.
Verdades
Cozinhamos mais. Finalmente, começamos a valorizar de fato quem planta e o que colhemos perto de casa. E fizemos ou assistimos a muitas “lives”.
Reaprendemos a lavar as mãos de verdade e não sair sem máscaras, enfim, nos adaptamos. A pandemia mostrou nossas fragilidades. Ficou tudo evidente.
Voltamos a sorrir um pouco com Biden no governo norte-americano e o enfraquecimento da extrema-direita nas eleições. A ciência e a cultura são essenciais, mesmo que o nosso governo ignore isso. O problema ambiental é sério, mesmo que quem acha que a terra é plana duvide disso.
Fome
Vimos nascer um novo voluntariado para ajudar quem ficou sem comida. Chefs se mobilizaram. O setor da alimentação fora do lar sofreu. Muitos fecharam. Muitos se reinventaram. Entendemos bem o que significa “delivery” e “dark kitchen” na prática.
Tendências
Em pauta, com certeza, está o artesanal e as relações humanas verdadeiras. Ser autêntico ganhará cada vez mais força e nem vai precisar de marketing ou influenciadores para contar.
Expressar o local é regra. Histórias bem contatas vão impressionar. Ser sustentável – conservar, cuidar, não destruir a natureza – é a filosofia e imperativo. Consumo consciente é mais do que necessário.
Futuro
Emicida cantou ao lado de Pablo Vittar e Majur a música “Sujeito de sorte” do Belchior: “tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. É o documentário AmarElo. Corra ver. Está no Netflix. Cantei junto em meio a desesperança com as mortes pelo covid-19, desigualdade social, preconceitos e injustiças. Será que conseguiremos mudar?
A receita
O blog mora no Bom Gourmet, então mais reflexões para outros colunistas, vamos para a receita. Caseira e bem simples: farofa de pera e maçã – a famosa chamada crumble. Para começar o ano com leveza doce.
- Para a farofa:
- 1 xícara de farinha de trigo (ou um pouco mais se necessário para ficar no ponto de farofa)
- 100g de manteiga
- 1 xícara de açúcar mascavo
- Para o recheio:
- 2 peras grandes
- 2 maçãs grandes
- 1/2 xícara de açúcar
- 1/4 de colher de chá de canela
Modo de preparo
- Descasque as peras e as maçãs, retire o miolo e corte em fatias (tem um cortador em forma de flor que é ótimo para isso)
- Cozinhe as frutas juntas numa panela grande tampada, em fogo moderado durante 10 minutos (se estiver muito seco pode colocar um pouquinho de água)
- Junte o açúcar demerara e a canela, mexa bem e tire do fogo.
- Unte uma fôrma refratária com manteiga e coloque as frutas.
- Misture a manteiga com o açúcar mascavo, junte a farinha de uma vez só, amasse com as pontas dos dedos até ficar como uma farofa (pedaçuda)
- Espalhe sobre as frutas.
- Asse durante 20 a 25 minutos em forno quente (210.C)
- Sirva com nata fresca batida se gostar.