conheci um escritor pessoalmente dia desses.
quer dizer ele estava pessoalmente perto de mim.
mas nem cheguei perto dele.

antes um pouco ele estava no palco falando coisas bonitas cheias de sentido, daquelas de até emocionar.

daí uma coisa estranha aconteceu: eu comecei a ler alguns livros dele e depois de um tempo parece que o jeito dele tinha grudado em mim. e eu já estava falando assim como se ele é que estivesse ali dizendo.

essa história toda parece que não tem sentido e não tem mesmo, dizem que é comum acontecer isso quando você gosta do estilo do autor e falta em você.

bem, aqui preciso tratar de comida, porque vão dizer que estou enrolando e estou mesmo.

então, vou mostrar uma salada que eu comi. tinha beterraba e cebola e o que mais gostei é que tinha as folhinhas de erva-doce e as sementes de cominho torradas. como isso fica bom.

daí, ontem, preparei outra com tomate. resolvi sugerir essa pra abrir o jantar dos dia dos namorados, caso tenha resolvido cozinhar pra ela ou ele, ou pra você mesmo. o melhor é comemorar comendo bem acompanhada ou não.

escolha orgânicos, tá? os meus estavam doces e o molho, com gengibre picado, que você tritura no pilão com flor de sal, depois coloca cebolinha bem picadinha junto tem personalidade. casa bem com o tomate que sabe recebê-lo. o molho retribui com carinho. como um amor que aparece de repente da tua vida: você se entrega.

coloque um óleo leve pra esquentar um pouco e jogue nessa mistura (do gengibre, sal e um pouco de cebolinha). mexa. agora é hora da entrada com muita pompa do vinagre de Xerez, seguido por muito coentro e uma pimenta-dedo-de-moça, os dois bem picadinhos. prove pra ver se o sal está no ponto. tá feito.

a indicação era usar tomate-caqui, usei o cereja e sweet grape, o que eu tinha.

agradeço ao João Carrascoza, um dos maiores contistas brasileiros, e ao Ottolenghi, que agradece a Ixta Belfrage, que viu o prato em uma mesa em Chinatown e pediu pra experimentar. a todos seres inspiradores a quem rendo minha admiração.