O evento de outubro já tem convidados definidos: Felipe Schaedler, Lisiane Arouca e Fabrício Lemos.
Eles – um carioca e um quase carioca – colocaram seus talentos e calor na mala e desembarcaram em Curitiba. A prova é que aqui fez 23 graus: uma das poucas noites de quase verão na cidade. No jantar, na terça-feira (12/09), preparado por muitas mãos e corações, mostraram seus talentos.
A responsável por trazer a dupla – Rafa Gomes e Gerônimo Athuel – foi a chef Claudia Klauspenhar. Com mais um prêmio na parede do seu restaurante, acaba de ser eleita chef cinco estrelas pelo Bom Gourmet, da Gazeta do Povo, apresentou uma nova edição do seu projeto “Abrindo a K.sa” e chamou os dois para cozinharem com ela.
Os chefs têm restaurantes no Rio de Janeiro e, além de cozinhar em Curitiba, conheceram alguns dos pratos típicos paranaenses, produtos e produtores locais: um intercâmbio capaz de marcar a vida de quem participa dentro e fora da cozinha.
Rafa Gomes formou-se em Nova York, trabalhou 18 anos fora, incluindo os restaurantes Mirazur (França) e o Eleven Madison Park (Nova York) e vem desenhando uma bela carreira. Destaco a passagem como chef executivo do Grand Coeur Paris, ao lado de Mauro Colagreco. Hoje, toca o recém-inaugurado Tiara, no Leblon, e o restaurante Itacoa (com unidades em Paris e no Rio de Janeiro). Também venceu o MasterChef Profissionais 2018, da Band, e um episódio do Iron Chef Brasil 2022, da Netflix.
Gerônimo Athuel é um paulista que viveu em Minas Gerais e cresceu junto a pescadores de Vitória, com quem aprendeu técnicas de captura, limpeza e preparo de peixes. Depois trabalhou em diferentes hotéis na América Central. Atraído pelo clima bucólico e tranquilo do litoral do Rio de Janeiro, inaugurou em 2022 na Ilha Primeira o Ocyá especializado em peixes e frutos do mar. Desenvolve um trabalho pioneiro de maturação com pescados e foi eleito Chef Revelação pelo Comer & Beber da Veja Rio.
Cardápio
O cardápio inventivo começou com “vichyssoise” do Rafa Gomes. A sopa clássica servida fria ganhou por cima uma ostra bem crocante, com lascas de pupunha e cenoura. O chef Gerônimo Athuel não se intimidou ao misturar alcaparra, aliche, gotas de maionese cítrica e a botarga artesanal defumada, que ele prepara no seu restaurante, para servir o tartare de cordeiro por cima do tempurá de alga nori. A anfitriã buscou inspiração em um prato servido pelo premiado chef Mauro Colagreco. O radicchio foi grelhado e palco para uma versão da sopa de beterraba com creme azedo, que ganhou uma colherada de caviar. Sofisticado. Carabineiro, o camarão vermelho que tem aparecido nas mesas ultimamente, veio já com a cabeça separada, perninhas crocantes servida com molho da cabeça do crustáceo onde está concentrado o sabor; o corpo veio com uma versão do preparo tradicional da cozinha italiana, “bagna càuda”, molho encorpado de manteiga, creme de mesa, alho e anchova. Um pedaço de mandioca levemente grelhada enganava o olhar. Acompanhou um vinho laranja, Chardonnay, orgânico e natural, da Casa Ágora, de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, que cumpriu sua função. Escolha certa do sommelier Nertan Monteiro. Um belo vinho para um belo prato do Athuel. Outros dois vinhos foram da casa Berto Aguiar, de Santa Catarina, um Pinot Noir Rosé e um Sauvignon Blanc. O jantar terminou mais clássico: carré de Moura, nosso porco criado solto e de carne marmorizada, uma raça resgatada, purê de couve flor, couve kale grelhada e trufas. Krauspenhar finalizou com a sobremesa de amêndoa, côco e mimosa.
Igor Marchesini, outro chef daqui recém premiado, reforçou o time, ficou encarregado de dar as boas vindas. E olha só: serviu caldinho de ouriço, legumes e pixuri (uma especiaria da Amazônia), e tartar de olhete levemente curado, com creme de tofu e missô com berinjela. Em 2023, o projeto incluiu a participação também de um chef local.
O “Abrindo a K.sa” deve ganhar mais apoios e a próxima edição já está marcada: será no dia 4 de outubro com Felipe Schaedler do restaurante Banzeiro (Manaus e São Paulo) e Lisiane Arouca e Fabrício Lemos do Origem (Salvador).